3% - Crítica
- Ricardo Fraga
- 16 de dez. de 2016
- 3 min de leitura

A primeira série brasileira da Netflix chegou com bastante expectativa do público, mas será que vale mesmo a pena assistir?
Antes de falar propriamente da série lançada pela Netflix vale destacar um fato interessante de que o diretor Pedro Aguilera, após terminado o roteiro e receber a negativa de várias emissoras para levar a frente a produção, resolveu lançar os três episódios pilotos no Youtube em 2011. Os episódios foram um sucesso entre o público chegando a marca de 1 milhão de visualizações.

A série 3% retrata um mundo pós apocalíptico onde a sociedade foi dividida em uma parte rica (o lado de lá) e a parte pobre (o lado de cá). O lado rico usufrui de uma excelente qualidade de vida com um grande aparato tecnológico, medicina avançada dentre outras coisas. Já a população do lado pobre convive com a fome e a miséria onde impera a lei do mais forte e da seleção natural. No entanto, é dado as pessoas do lado pobre uma chance única de mudar de vida passando para o lado rico, isso ocorre quando a pessoa completa 18 anos. Ao atingir essa idade, o candidato, precisa se submeter a uma série de provas com o objetivo de selecionar os mais capazes para passar ao outro lado. Nessa seleção apenas 3% dos concorrente serão aprovados, daí vem o nome da série.

Não há como negar o quanto é empolgante ver uma série brasileira na Netflix e o quanto nós torcemos por ela. E 3%, sem dúvida, é o tipo de série que você torce para dar certo e se esforça para focar apenas no que há de bom, não só por ela ser nacional, mas principalmente pelo fato de ideia ser muito boa, afinal de contas, a questão da pessoa ser selecionada através de uma prova ou um processo seletivo tem tudo a ver com a nossa sociedade atual, uma vez que todos, de certa forma, pelo menos uma vez na vida passamos por algum tipo de disputa objetivando mudar de vida, seja por um concurso, ou uma entrevista de emprego, ou até mesmo prestando o vestibular. E esse é o ponto forte da série, a temática é muito boa e tinha tudo para emocionar e prender a atenção do espectador, mas infelizmente ela não tem sucesso ao tentar fazer isso.

A série peca em muitos aspectos a interpretação dos atores é uma delas, pois soa muito artificial, por mais que se esforcem eles não conseguem passar o sentimento e como se trata de uma série brasileira, fica muito fácil para nós brasileiros percebermos quando a atuação não está fluindo de forma natural. Mas a culpa não é só deles, o roteiro também é muito fraco, as coisas acontecem do nada os diálogos são muito pobres e desinteressantes e o tempo inteiro forçam a barra no sentido de querer esfregar na cara o espectador o estereótipo de cada personagem, mas tudo é muito mal feito e no fim das contas ninguém se importa com o que vai acontecer, se os personagens vão viver ou morrer, se vão passar na prova ou não. Eu diria até que se algum personagem fosse retirado subitamente da trama ninguém perceberia ou demoraria muito para notar a ausência.
Mas será que mesmo assim vale a pena ver a série? Eu não estaria sendo honesto se dissesse que sim. No fim das contas, 3%, não passa de uma série que tem uma boa ideia, uma boa intenção, mas que é muito mal executada.
Ficha técnica:
Produção: Netflix
Diretor: Cesar Charlone
Elenco: Bianca Comparato; João Miguel; Michel Gomes; Vaneza Oliveira; Viviane Porto; Rodolfo Valente; Rafael Lozano
Gênero: Ficção
Assista o trailer:
Comments